Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Do povo, pelo povo e para o povo?

A reprodução cumulativa do valor, que se opera através das mercadorias trabalho abstrato, objetos consumíveis, serviços e dinheiro, obedece a uma fórmula matemática que por sua vez se traduz em dinheiro que se transforma em mercadoria para voltar a ser dinheiro aumentado numa seqüência sucessiva que se pretende interminável. No meio dessa seqüência é que se opera a apropriação indébita de parte do valor produzido pelo trabalho abstrato pelo empreendedor e detentor do capital (privado ou estatal, tanto faz), único fenômeno que proporciona a acumulação do valor. Acaso esse processo se interrompesse definitivamente o valor perderia a sua substância e deixaria de ser valor, ou seja, deixaria de ser riqueza abstrata e isso provocaria uma profunda transformação no modo de ser da produção dos meios de subsistência da vida social; quando esse ciclo ele se interrompe em determinados mercados e localidades, resta decretada a estagnação da vida social dessa localidade. Sob a lógica do dinheiro não há vida sem dinheiro.


quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A Natureza da Política e do Poder

Na modernidade a política é o canal de legitimação e de acesso ao poder estatal, que por sua vez nada mais é do que um subsistema serviçal do negativo e verdadeiro poder – o econômico. O estado não é uma esfera soberana porque depende do poder econômico e, conseqüentemente, a política, que leva ao exercício desse poder institucional, é igualmente destituída de soberania de vontade. Tanto o Estado como os políticos são prepostos do poder econômico que os sustentam e no qual está assentada toda a dinâmica social mercantil. É equivocado se pensar que o atual modelo político institucional é o resultado de aperfeiçoamentos sociais que ocorreram ao longo da história e que resulta na participação popular, presumidamente soberana. Tal pensamento equivocado resulta da inconsciência da sociedade sobre si mesma.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

As Mutações do Poder

Na modernidade capitalista o verdadeiro poder é o econômico, traduzido no sistema produtor de mercadorias. Para o seu exercício se faz necessária uma estrutura que lhe seja serviçal, ou seja, necessita dos subsistemas de organização política, institucional, militar e social que são os instrumentos de sua negativa existência. As suas estruturas de acesso (a política) e de manutenção (o Estado), como subsistemas funcionais do poder econômico, trazem no seu cerne as características de sua inconfessada e injusta natureza. Não é por menos que os meios de acesso ao poder, a política (guerra legal de movimento), são costumeiramente escusos, e os meios de manutenção do exercício do poder institucional do Estado (guerra legal de posição) costumam ser ainda mais escusos. Alguém já disse que “o poder capitalista corrompe, e o exercício prolongado do poder corrompe muito mais”. Nesse sentido o poeta e escritor português Eça de Queiroz disse certa vez que “os políticos e as fraldas devem ser trocados constantemente, e pelos mesmos motivos”, mas mais do que trocados eles devem ser superados como forma de extirpação do já decrépito poder econômico.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Cena Brasileira Comparada

No Ceará, no ano de 2013 foram explodidas 117 agências bancárias, e até agosto de 2014 já são 100. Tais fatos tornam insignificantes as ações de Bonnie e Clyde nos Estados Unidos, ou as invasões do bando de Lampião no nordeste brasileiro. Foi de cerca de 50.000 o número oficial de mortes por assassinato no Brasil em 2012, e que aumentou em 2013 e 2014, colocando a guerra entre palestinos e israelenses no chinelo. Cerca de 60% da população brasileira (114 milhões de pessoas) não tem nenhum modo de esgotamento sanitário (IBGE). Há um déficit de 6,5 milhões de habitações urbanas e cerca de 11 milhões de brasileiros vivem em favelas (IBGE), justamente num país de baixa densidade demográfica (22,43 habitantes por km²). É de R$ 1.943,00 o valor do salário médio do brasileiro (IBGE), e que contrasta com o irreal cálculo da renda per capita em relação ao PIB que não leva em conta a concentração de renda. O valor médio das pensões do INSS é de R$ 1.182,46, e quando o pensionista mais precisa comprar remédios. É de 38,7 milhões o número de brasileiros com planos de saúde e os 141,3 milhões restantes ficam sujeitos ao SUS – Sistema Único de Saúde – cujo atendimento à população dispensa comentários. Cerca de 45 milhões de brasileiros estão matriculados em escolas públicas com péssima infraestrutura e baixos salários para os professores, e com conteúdo educacional equivocado e falso que gera revolta entre os alunos, o que explica (ainda que não justifique) o grau de agressividade de alunos para com os seus mestres, ... UFA, tais indicadores mostram que vivemos numa sociedade de atrocidades.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

A guerra pelo dinheiro

Qual o ponto de unidade entre o sofrimento dos trabalhadores urbanos que não conseguem se deslocar ou chegar ao trabalho no horário marcado em razão da greve dos trabalhadores nas empresas de ônibus com a morte dos passageiros do avião da Malaysia Airlines que morreram vítimas de um míssil disparado pelos separatistas ucranianos apoiados pela Rússia? O dinheiro. O sindicato grevista pugna por melhores salários (dinheiro) para os seus sindicalizados, e os separatistas ucranianos avaliam que é melhor integrarem o país russo por questões econômicas (dinheiro), antes de qualquer outra motivação de natureza étnica.


O legal, o justo e o arbitrário

Os conceitos sobre o legal e o justo costumam ser considerados pelo poder, erroneamente e infelizmente, como se fossem simétricos, ou seja, o que é legal é sempre tido como justo aos olhos da institucionalidade. Por seu turno a arbitrariedade é o que está juridicamente fora do legal, embora para muitos que raciocinam em termos de interesse pessoal ou ideológico de poder possa ser tida como critério de anteparo contra presumíveis ou hipotéticas injustiças. A maldosa e premeditada confusão histórica sobre tais conceitos e a sua aplicação prática tem causado opressão, desigualdades sociais, guerras e tantos outros infortúnios no miserável itinerário histórico da humanidade. Daí há uma necessidade de se conhecer a essência filosófica e não apenas popularmente semântica de cada um desses conceitos como forma de nos posicionarmos criticamente e podermos contribuir para uma sociedade emancipada.

O fetiche da taça

A homenagem prestada pelos jogadores da seleção de futebol alemã aos índios pataxós logo após a conquista do campeonato mundial de futebol de 2104 tem um relevante grau de simbolismo. A cena dos jogadores dançando num rito tribal em torno da taça colocada no centro de uma roda representa a adoração ao objeto da conquista desportiva – a taça do mundo. O simbolismo do brilho do ouro contido no troféu se mistura ao culto do significado subjetivo da conquista, tanto do ponto de vista da capacidade desportiva alemã, como também, e principalmente, com os resultados políticos e financeiros que advêm de uma conquista como essa. Pode-se fazer uma analogia daquela cena em torno do troféu com o culto fetichista que se faz normalmente ao móvel da sociedade “moderna” – a produção de mercadorias. Os valores econômico-financeiros que envolvem o futebol, atividade esportiva mais popular do mundo, ascendem a bilhões de reais em ganhos diretos e em merchandising, e certamente isso tem um significado expressivo numa sociedade que necessita cada vez mais de criar artifícios que impulsionem o decadente mundo mercantil.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A letra dos hinos

Na copa do mundo de futebol de 2014 que se realizou no Brasil tivemos oportunidade de conhecer as letras dos hinos dos muitos países que dela participam. O que chama a atenção é o conteúdo belicoso de tais letras, nas quais estão inseridas palavras como guerra, morte, sangue, defesa, etc. Tal vocabulário decorre de um fato inconteste: os países se formaram dentro de uma disputa territorial ou colonial na qual o vencedor geralmente obtinha a vantagem sobre os vencidos, e as independências nacionais foram obtidas em lutas que não significaram a abolição do caráter belicista de cada país independente. No momento em que escrevemos esse artigo explode mais uma vez o conflito entre judeus e palestinos com chuvas de mísseis de lado a lado; na Ucrânia se desenrola um conflito separatista; na África, no Iraque, e em vários pontos do mundo árabe grupos políticos religiosos e étnicos se digladiam entre si pelo poder territorial nacional, e a lista de conflitos seria intensa se aqui nós citássemos todas elas.


quarta-feira, 2 de julho de 2014

Comentário sobre um comentário

Comentário sobre um vídeo-comentário no youtube do Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Junior intitulado “Manifestante, você está sendo manipulado!”



segunda-feira, 2 de junho de 2014

A Produção Solidária

Quando se admite (depois de muito esforço do pensar) que é possível produzir bens e serviços fora da intermediação feita pelo dinheiro, a primeira pergunta que se faz é: como alguém teria motivação para produzir algo a ser consumido por outrem sem ganhar dinheiro? Primeiramente se deve observar que essa indagação é fruto de um conceito sedimentado nas mentes humanas de que o ser humano somente produz algo dentro de um interesse individual e sem jamais pensar no interesse coletivo. O conceito de que o interesse individual de ganhar dinheiro é o único instrumento de motivação para a produção somente é verdadeiro dentro da forma de relação social estabelecida a partir da produção de mercadorias, na qual se oportuniza a acumulação individual da riqueza abstrata em detrimento de toda a sociedade; a humanidade tem sido educada dentro desse conceito e justamente por isso não consegue pensar solidariamente.

sexta-feira, 30 de maio de 2014

É Possível Se Produzir Sem Dinheiro?

Pensar em uma produção de bens e serviços necessários à satisfação do consumo humano fora da remuneração em dinheiro é algo quase impossível; mais do que isso, é impensável. Tal ocorre porque durante três milênios, período em que surgiu o escambo, a troca quantificada, modo de relação social que surgiu em substituição à partilha, embrião da forma-valor, a idéia de mensuração dos objetos úteis ao consumo humano através de um quantitativo numérico denominado valor de troca foi paulatinamente tomando conta de todas as relações sociais até chegar a sua forma desenvolvida denominada capitalismo.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

O Mal é Sempre Mau

Há um adágio popular que diz “há males que vêm para o bem”. Apenas episodicamente isso pode ocorrer, mas nunca de maneira socialmente abrangente e permanente. Um enguiço na estrada pode evitar um desastre que ocorreria acaso a viagem não tivesse sido paralisada, mas isso não significa que um enguiço seja coisa boa. Tal conceito contrasta com a idéia de que “o pau que nasce torto morre torto”, porque esta última é uma metáfora que diz respeito à imutabilidade da natureza intrínseca do que é negativo. Podemos superar a negatividade, transcendê-la, mas não podemos aceitá-la como algo que possa ser uma contribuição positiva.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Se Não Tivesse Sido Assim...

Como seria a terra chamada Brasil se quando a “moderna civilização européia” que aqui chegou há 514 anos, ao invés de ter um sentimento de exploração excludente das riquezas aqui existentes, tivesse um sentimento de convivência harmoniosa com os indígenas que aqui habitavam lhes ensinando os seus saberes e com eles compartilhando os saberes deles?

segunda-feira, 26 de maio de 2014

O Recrudescimento do Arcaico

Na antiguidade, e até em tempos não tão antigos assim se considerarmos os milhões de anos da evolução humana sobre a face da terra, o sacrifício de vidas animais como forma de purgação de uma culpa auto-atribuída era prática comum. Tais rituais macabros dentro das sociedades primitivas que desconheciam a troca quantificada (a forma-valor), ou mesmo nas sociedades que se iniciavam em relações de troca que se configurariam como pré-capitalistas, ocorriam de forma simbólica, e por motivações meramente exotéricas.

domingo, 25 de maio de 2014

O Trabalho e o Trabalhador

Costuma-se considerar, equivocadamente, que o trabalho e o trabalhador são dados essenciais para a vida social e individual humanas. Tal concepção deriva do fato de que ao longo dos últimos cinco séculos, tanto capitalistas liberais de mercado como capitalistas de estado, os marxistas tradicionais, esses mais recentemente, endeusaram o trabalho e o trabalhador como tais. Assim é que se estabeleceu uma intencional confusão semântica e de conteúdo sobre o que seja a interação metabólica do homem com a natureza (Marx), ou seja, o dispêndio de nervos, músculos e cérebros no sentido da provisão do seu sustento individual e coletivo através da produção de bens e serviços indispensáveis à vida, com categorias capitalistas que dão sustentação ao modo de relação social que se consubstancia na produção de mercadorias (a forma-valor). 

A Ditadura do Tempo

Tempo é dinheiro. Essa frase mundialmente conhecida corresponde a uma verdade, mas somente sob a relação social mediada pelo dinheiro, que tem na questão do uso do tempo linear, aquele medido em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos, uma interferência negativa, direta e significativa no modo de ser da própria vida dos indivíduos sociais. Essa é mais uma negatividade do capitalismo ao invés de ser um aspecto positivo como se costuma pensar.

 

A “Síndrome de Tucunaré”

O tucunaré é um peixe de água doce que tem um apetite voraz. Quando introduzido em açude cresce com rapidez em relação às outras espécies, mas devora as demais até que na falta destas chega a devorar os alevinos de sua própria espécie. Assim, necessita de cada vez mais alimentos para continuar crescendo, e na falta destes entra em colapso existencial.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

A disputa pela (e na) Ucrânia

As guerras internacionais e civis derivam das disputas pela hegemonia política e econômica entre países, e nos países, e têm sido a tônica do desenvolvimento do capitalismo cujos sintomas mais expressivos começaram a se fazer sentir a partir do século XVI d. C. Elas vêm desde o descobrimento das Américas na dominação Bretanha no norte; espanhola no centro e na sul-américa; e portuguesa no leste-sul do continente.