Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 11 de abril de 2010

À esquerda, do quê?

O conceito de esquerda nasceu no parlamento francês, quando os oposicionistas ao sistema monárquico na Assembléia Nacional Constituinte de 1789, sentavam-se do lado esquerdo em relação à mesa diretora. A oposição, assim posicionada, tinha postura anticonservadora, dita progressista, que passou a configurar o amplo espectro de forças políticas denominadas de “esquerdas”. 


Enquanto o desenvolvimento do capitalismo se expandia, e não tinha atingido o seu estágio atual de globalização e implosão interna, foi possível se desenvolver lutas políticas pela busca de direitos civis, possíveis de serem atendidos, mesmo que se conservassem os imensos bolsões de pobreza em contrapartida a pequenos, suntuosos e aviltantes bolsões de riqueza mundo afora. Assim é que se garantiu o voto universal e o voto feminino, o salário minimíssimo, a aposentadoria, oito horas de trabalho diárias, entre outras conquistas político-sociais consolidando o prestígio da “esquerda” como força política socialmente avançada.        

Com o advento do neoliberalismo, tendência política que propugna a liberalização das atividades econômicas sem a intervenção do Estado, criou-se o seu pseudo-antídoto político, o keynesianismo, que se baseia no fortalecimento do Estado na intervenção deste na economia e como patrão dos serviços vitais e estratégicos. Assim, hodiernamente, a direita é neoliberal, e a esquerda neokeynesiana. Com a atual débâcle capitalista os neoliberais e os neokeynesianos se juntaram em medidas de “alavancagem do mercado”, pretensamente salvadoras do capitalismo, num neoliberalismo keynesiano. Ao invés de superar as categorias capitalistas nos seus estertores, como valor (mercadoria e dinheiro), trabalho abstrato, política, partidos, Estado, etc., e defender uma nova relação social emancipatória, o neokeynesianismo de “esquerda” assiste o capitalismo que tanto criticava. Está à esquerda, do quê?

Um comentário:

Diogo F disse...

Concordo plenamente. Espero que meu trabalho tenha contribuído para esclarecer alguns pontos laterais a isso, primo!

Um abraço.

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