O conceito de esquerda nasceu no parlamento francês, quando os oposicionistas ao sistema monárquico na Assembléia Nacional Constituinte de 1789, sentavam-se do lado esquerdo em relação à mesa diretora. A oposição, assim posicionada, tinha postura anticonservadora, dita progressista, que passou a configurar o amplo espectro de forças políticas denominadas de “esquerdas”.
Enquanto o desenvolvimento do capitalismo se expandia, e não tinha atingido o seu estágio atual de globalização e implosão interna, foi possível se desenvolver lutas políticas pela busca de direitos civis, possíveis de serem atendidos, mesmo que se conservassem os imensos bolsões de pobreza em contrapartida a pequenos, suntuosos e aviltantes bolsões de riqueza mundo afora. Assim é que se garantiu o voto universal e o voto feminino, o salário minimíssimo, a aposentadoria, oito horas de trabalho diárias, entre outras conquistas político-sociais consolidando o prestígio da “esquerda” como força política socialmente avançada.
Com o advento do neoliberalismo, tendência política que propugna a liberalização das atividades econômicas sem a intervenção do Estado, criou-se o seu pseudo-antídoto político, o keynesianismo, que se baseia no fortalecimento do Estado na intervenção deste na economia e como patrão dos serviços vitais e estratégicos. Assim, hodiernamente, a direita é neoliberal, e a esquerda neokeynesiana. Com a atual débâcle capitalista os neoliberais e os neokeynesianos se juntaram em medidas de “alavancagem do mercado”, pretensamente salvadoras do capitalismo, num neoliberalismo keynesiano. Ao invés de superar as categorias capitalistas nos seus estertores, como valor (mercadoria e dinheiro), trabalho abstrato, política, partidos, Estado, etc., e defender uma nova relação social emancipatória, o neokeynesianismo de “esquerda” assiste o capitalismo que tanto criticava. Está à esquerda, do quê?
Um comentário:
Concordo plenamente. Espero que meu trabalho tenha contribuído para esclarecer alguns pontos laterais a isso, primo!
Um abraço.
Postar um comentário