Quem tem medo da opinião? O poder. A política, sendo o construto de acesso jurídico-institucional do poder, teme a opinião de oposição, que é sempre intolerável, mesmo quando hipocritamente tolerada pelos mandatários em função de cânones estabelecidos. É, entretanto, muito mais abertamente intolerável quando, a estrutura de aceso ao poder, é verticalmente centrada num partido único e os mandatários se julgam os donos da verdade e da justiça. Em Cuba de Fidel sempre se praticou o capitalismo de Estado, que é a forma mais concentrada da dinâmica capitalista, com extração de mais-valia feita por empresas estatais, e justamente por isso fadada ao insucesso de longo prazo na concorrência de mercado onde está globalmente inserida e, concomitantemente a isso, Cuba convive com uma ditadura política em nome do proletariado e da igualdade, esta última nivelada por baixo.
O marxismo-leninismo tradicional cubano jamais questionou a lógica da produção de mercadorias como modo de relação social, limitando-se, apenas, a reclamar dos prejuízos que lhe são causados pelos criminosos embargos econômicos que lhe foram impostos. Desejosa de praticar o livre comércio externo, sua crítica se limita apenas à questão de forma, sem questionar a negatividade do conteúdo das relações mercantis em si. Os embargos econômicos, mesmo sendo reprováveis do ponto de vista do liberalismo econômico, fazem parte de uma mesma lógica capitalista fratricida, sob a qual o regime cubano está atrelado pela sua prática mercantil interna e externa Não se pode estranhar, portanto, que em Cuba haja presos políticos aos montes, e que sejam restringidas as liberdades de opinião e de locomoção. Afinal, uma verdade capenga, somente pode ser mantida (temporariamente) através da força.
De resto, as opiniões sobre presos políticos, emanadas de um mandatário de poder político, num contexto de política internacional, são as de sua conveniência ocasional.
Um comentário:
Daltom como sempre vc é minha fonte de inspiração, obrigado por esta lutando por dias melhores...
Ciço Lifrate, cicolifrat@hotmail.com
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