Há cerca de 2.700 anos, apesar das críticas de filósofos como Sócrates, surgia, na Grécia antiga, a primeira manifestação do dinheiro como expressão materializada da relação social abstrata da forma-valor, como modo de viabilização das trocas quantificadas e valoradas de objetos entre as muitas ilhas gregas. O dinheiro foi uma conseqüência inevitável do surgimento da forma valor, abstração que consegue gerar uma unidade numérica capaz de mensurar qualidades e quantidades de diferentes produtos na troca, tendo como critério de mensuração o tempo de trabalho abstrato aplicado na fabricação desses mesmos produtos, assim, transformados em mercadorias.
O dinheiro é, pois, a mercadoria especial, convencionada como equivalente geral, capaz de ser trocada por todas as outras mercadorias. Visto assim, até parece que o dinheiro é somente um mero facilitador das relações sociais estabelecidas a partir da indispensável troca de mercadorias. Nada mais ingênuo e negativo que tal conceito. O dinheiro é o instrumento que viabiliza a negatividade da lógica do roubo cumulativo do tempo de trabalho contido nas trocas quantificadas e é, ao mesmo tempo, a essência materializada da abstração contida na forma valor que se traduz como um princípio segregacionista em face da sua necessária auto-reprodução continuamente aumentada através da extração de mais-valia geradora do lucro. A aparentemente ingênua troca de mercadorias é o meio condutor da negativa forma valor, viabilizada pelo dinheiro.
Agora, quando o fetichismo da mercantilização da vida social atingiu um nível de exacerbação em escala global e atinge a natureza aquecendo o clima do Planeta Terra, é a própria Grécia, suprema ironia, como conseqüência, quem ardeu em chamas. Sócrates tinha razão quando anteviu a negatividade da forma valor.
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