Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

quarta-feira, 6 de março de 2013

O futuro


A história armou uma perigosa cilada para aqueles que gostam de se sentir superiores aos seus semelhantes; de segregar socialmente as pessoas; que se acham no direito de ter privilégios materiais e sociais como se fossem os escolhidos pelos deuses.



 Refiro-me ao prenúncio do colapso inevitável da relação social mediada pela forma-valor (dinheiro e mercadorias), que introduziu a sub-reptícia escravização indireta sob a forma de constrangimento de todos à venda compulsória da mercadoria força de trabalho (trabalho abstrato) na produção de mercadorias. É do trabalho abstrato (substância primária do valor) ora de uso marginal, de onde se extrai a mais-valia geradora da reprodução cumulativa e excludente da riqueza abstrata (e material), mecanismo social que criou um instrumento aparentemente justo de relação social, onde todos são “livres” para aceitar a escravização indireta pelo trabalho. Assim, o mundo capitalista está atônito.

A vida mercantil, que chegou ao seu limite histórico expansionista, criou a ideia absurda de que os mais competentes recebem justa contrapartida por seus esforços e os incompetentes, o que merecem. A vítima passou a ser o seu próprio algoz. Entretanto, com o fim da escravização direta, os avanços do saber humano e a relativa melhoria do nível geral de consciência sobre direitos humanos, já não se pode retroagir à legalização de determinadas práticas sociais históricas que afrontem explicitamente o senso de dignidade humana. Já não se pode ser legalmente dono de alguém e nem admitir que a tortura física de presos seja instrumento legal de castigo, muito embora ela exista extra-oficialmente, e as prisões nos remetam às masmorras da Idade Média; ou ainda, que um negro não possa frequentar determinados locais, etc..

Com a inesperada crise do sistema produtor de mercadorias, perdeu-se o melhor instrumento de escravização indireta (pelo trabalho abstrato) e de segregação social. O que colocar, então, em seu lugar? Essa é a grande cilada da história colocada pela lógica do valor em colapso aos seus obedientes servos “donos do mundo”, que certamente não aceitarão passivamente uma nova relação social onde todos os recursos materiais e intelectuais estejam à disposição de todos para uma vida plena de sentido.

*Artigo publicado no jornal O povo em 29/12/2012. 

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