Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 7 de abril de 2013

Relação entre Capital e Trabalho


Costuma-se confundir a relação metabólica do homem com a natureza, no sentido de prover o seu sustento material através do dispêndio de nervos e músculos, atividade eterna, ontológica, com o trabalho abstrato, categoria capitalista, histórica, não ontológica (Marx). O trabalho abstrato, aquele que produz mercadorias, e que é remunerado pela mercadoria dinheiro, é a substância primária da relação social forma-valor, e em assim sendo, não pode significar uma contradição inconciliável com o valor acumulado, o capital. A humanidade, ao introduzir nas suas relações sociais a troca quantificada, onde um determinado objeto é trocado por outro de qualidade e quantidade diferenciada, e abolir a partilha praticada nas sociedades primitivas (como ainda hoje existe entre remotas tribos indígenas), criou, instantaneamente, a ideia de valor, mensuração abstrata da riqueza material.


Criou-se, a partir desse modo de relação social, um instrumento de subtração da riqueza de quem a produziu, através do qual se podia acumular riqueza material, sob a forma abstrata, segregacionista, mas parecendo ilusoriamente justa; criou-se o trabalho abstrato, gênese do valor acumulado, o capital.

Destarte, não há contradição entre o capital e o trabalho, na medida em que ambos representam a síntese do valor; faces de uma mesma moeda; no primeiro caso valor acumulado; e no segundo caso valor assalariado. Daí porque se endeusou, sub-repticiamente, a figura do trabalho e do trabalhador como fonte de dignidade humana e se positivou a criação do valor, ao invés de condená-lo como negatividade social a ser superada.

Não é a forma de administração do Estado, sob o modelo neoliberal ou Keynesiano; estatizante ou monetarista; liberal burguês ou marxista-leninista, o que define a possibilidade de eliminação da contradição social existente. É a superação de uma forma de relação social injusta na sua essência existencial o que define a capacidade de superação da miséria social. O capitalismo liberal e o marxismo tradicional positivaram a espécie valor, e consequentemente, os gêneros, capital e trabalho abstrato, mantendo a extração de mais valia através da empresa privada ou do Estado, e isso resultou, inevitavelmente, no fracasso de ambas as formas de administração política, que ora vivem os estertores do colapso interno dessa forma de relação social.

*Artigo publicado no jornal O Povo de 06 de abril de 2013.

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