Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Conceito Republicano de Democracia


Há palavras que se transformam semanticamente ao longo do tempo e passam a ter um significado mais genérico, conceitual, como se fora verdade imutável ou preceito virtuoso que todos devem preservar. Isso acontece com os conceitos das palavras “república” e “democracia”. Costuma-se, atualmente, referir-se a “republicano” como se fora um comportamento institucional indiscutivelmente apropriado para a vida social; e à “democracia” como sendo um ideal de comportamento em defesa do povo, e mais que isso, nascido do próprio povo. Na verdade, tanto os conceitos de “democracia” como de “república” nasceram em momentos históricos distintos, e dentro de determinados paradigmas sociais que os formataram e os positivaram. Ser republicano e democrata passou a significar inquestionável (mas enganoso) exemplo de correção; isenção; legitimidade e obediência representativa do interesse do povo.


A democracia, cujo conceito etimológico significa governo do povo, nasceu na região da Grécia juntamente com o desenvolvimento das relações sociais mercantis, quando, por volta de 700 a.C., houve a intensificação das trocas quantificadas entre mercadores das ilhas gregas, que passaram a utilizar uma representação simbólica do valor a partir da utilização da mercadoria dinheiro. Nascia aí, a forma-mercadoria, com seu modo de produção próprio, para troca, e junto com essa nova forma de relação social se tornou necessário um conceito político capaz de lhe dar suporte. Atenas passou a ser cidade e Estado, onde o povo se reunia para legitimar os sub-reptícios interesses mercantis da nova ordem, sem se aperceber da negatividade intrínseca da forma-valor.



Somente a partir de 1789, com a Revolução Francesa, e obedecendo ao aperfeiçoamento político do desenvolvimento da relação social sob a forma valor no seu estágio capitalista, foi criado o atual conceito iluminista, republicano, e democrático de poder. Assim, tanto o conceito capitalista de “democracia”, como de “república”, antes de representarem um ideal de modo de ser social, necessita serem repensados a partir do colapso interno do capitalismo, e devem dar lugar a novas formas sociais de organização popular de base. Não há soberania da vontade do povo sob a negatividade da forma valor, posto que, a cada modo de produção social corresponde uma forma de organização social específica.

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