Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

A Produção Solidária

Quando se admite (depois de muito esforço do pensar) que é possível produzir bens e serviços fora da intermediação feita pelo dinheiro, a primeira pergunta que se faz é: como alguém teria motivação para produzir algo a ser consumido por outrem sem ganhar dinheiro? Primeiramente se deve observar que essa indagação é fruto de um conceito sedimentado nas mentes humanas de que o ser humano somente produz algo dentro de um interesse individual e sem jamais pensar no interesse coletivo. O conceito de que o interesse individual de ganhar dinheiro é o único instrumento de motivação para a produção somente é verdadeiro dentro da forma de relação social estabelecida a partir da produção de mercadorias, na qual se oportuniza a acumulação individual da riqueza abstrata em detrimento de toda a sociedade; a humanidade tem sido educada dentro desse conceito e justamente por isso não consegue pensar solidariamente.

Abstraindo-se a forma de relação social estabelecida a partir da produção de mercadorias e admitindo-se a produção de objetos e serviços necessários à satisfação do consumo sem uma mensuração abstrata (da forma valor, mensurada numericamente pelo dinheiro), deixa-se de pensar na acumulação de riqueza abstrata (numa conta bancária, por exemplo) e se passa a pensar apenas na satisfação coletiva de consumo. O indivíduo social que produz um determinado tipo de alimento que vai alimentar outras pessoas sabe que ele mesmo necessita de outros produtos que serão produzidos por outros indivíduos sociais, e assim se forma uma cadeia contributiva e planejada de produção capaz de satisfazer o consumo coletivo sem a imposição destrutiva e segregacionista do fetiche da mercadoria (Marx).   

É verdade que sempre haverá indivíduos sociais que por oportunismo ou outra injustificada omissão (prática de crime, mesquinhez social, etc.) deixarão de produzir minimamente, mas o critério de cobrança social para a sua inserção na produção dar-se-á de modo a que o indivíduo social se sinta constrangido por sua não participação contributiva, minimizando-se a importância desse comportamento anti-social. Evidentemente que haverá compreensão para com os incapazes por inaptidão física e mental que serão solidariamente protegidos, ao invés do que hoje ocorre, vez que no capitalismo quem não produz dinheiro é considerado um pária social que não merece viver.

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