Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

As Mutações do Poder

Na modernidade capitalista o verdadeiro poder é o econômico, traduzido no sistema produtor de mercadorias. Para o seu exercício se faz necessária uma estrutura que lhe seja serviçal, ou seja, necessita dos subsistemas de organização política, institucional, militar e social que são os instrumentos de sua negativa existência. As suas estruturas de acesso (a política) e de manutenção (o Estado), como subsistemas funcionais do poder econômico, trazem no seu cerne as características de sua inconfessada e injusta natureza. Não é por menos que os meios de acesso ao poder, a política (guerra legal de movimento), são costumeiramente escusos, e os meios de manutenção do exercício do poder institucional do Estado (guerra legal de posição) costumam ser ainda mais escusos. Alguém já disse que “o poder capitalista corrompe, e o exercício prolongado do poder corrompe muito mais”. Nesse sentido o poeta e escritor português Eça de Queiroz disse certa vez que “os políticos e as fraldas devem ser trocados constantemente, e pelos mesmos motivos”, mas mais do que trocados eles devem ser superados como forma de extirpação do já decrépito poder econômico.


Na antiguidade ou pré-modernidade, quando ainda não havia uma economia política, e as relações sociais eram pré-capitalistas, o poder tinha uma natureza centrada na pessoalidade-religiosa do governante (daí a crença na divindade e hereditariedade dos governantes, cujo poder real seria ungido por Deus) e o conceito de riqueza era material, posto que, era baseado na materialidade dos bens úteis ao consumo, e o próprio dinheiro não era a representação do valor como resultado da substância-trabalho, mas uma objectualidade sacrificial simbólica, tutelado pela chancela sacro-profana dos governantes ou de uma convenção comunal arbitrária. O governante era o poder.

Nos últimos cinco séculos, o Deus valor-trabalho representado pelo dinheiro, aboliu, paulatinamente, o poder sacral do governante e se instituiu economicamente pela força estatal-militar. Mas agora, com a perda da substância valor-trabalho, o dinheiro sem valor volta a ter um simbolismo fetichista como o fora na antiga representação religiosa, e agora ligado à idéia de uma prosperidade irrealizável em meio à débâcle do sistema produtor de mercadorias que coloca a humanidade diante de um perigoso estado belicoso, com uma capacidade destrutiva nunca antes vista.

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