Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A crise mundial

Nesses dias os 20 países de maior capacidade de produção de riqueza material e abstrata, o chamado Grupo dos 20, reuniu-se na Austrália para a discussão sobre dois pontos básicos: o desemprego estrutural e o aquecimento global. Mais uma vez não chegaram a um consenso, mas ao contrário, evidenciou-se essa impossibilidade com o retorno antecipado do premier russo Vladimir Putin ao seu país, diante da pressão sobre o impasse pela disputa da hegemonia política e econômica sobre a Ucrânia.

A razão pela qual os chefes de Estado não chegam a um consenso reside no fato de que o Estado não tem como função promover a igualdade entre os povos, mas dar sustentação à lógica capitalista, que é promotora da desigualdade interna e externa por excelência, mormente agora, no momento de implosão provocado pelo limite absoluto da expansão mundial do capital, e no qual se tornam inevitáveis e explícitas as suas contradições endógenas insuperáveis sob seus critérios de sociabilidade. Para se resolver os problemas causados pelo capitalismo há de se superá-lo e não reformá-lo ou adaptá-lo mediante reformas econômicas imanentes.

A verdade é que a massa global de valor válido, aquele que advém da produção de mercadorias e que sinaliza para o Estado com a emissão de moeda lastreada pela substância do valor – o trabalho abstrato – está sendo gradativamente e irreversivelmente reduzida a nível mundial e em contraponto à necessidade vital da sua reprodução aumentada. É graças a isso que o Estado se endivida; o sistema financeiro cria de bolhas econômico-financeiras que não tardam a espocar como a resultante natural de seus artificialismos; a chamada economia real perde fôlego decrescendo a massa de salários e provocando o desemprego estrutural; e a desesperada e suicida busca de produção provoca a crise ecológica.

Por outro lado a emissão de dinheiro dissociado da produção de mercadorias via trabalho abstrato, dinheiro sem valor, como tem ocorrido, além de gerar inflação, cria a necessidade de uma postura arbitrária do Estado na qual se exacerbam as injustiças sociais. A contradição entre a riqueza material e a riqueza abstrata nos impõe a busca de novos conceitos de produção; há de se pensar em outra forma de relação social, sem Estado; sem dinheiro; e sem mercadorias, mas apenas com a produção bens de consumo para a satisfação de necessidades de consumo e não do mercado.

*Artigo publicado no Jornal O Povo em 23/12/2014 > Link

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