Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

A ingovernabilidade

Os governantes, de um modo geral, vivem um processo de desgaste insuperável perante a população em face dos problemas sociais e ecológicos irresolúveis, que os rejeitam votando na oposição, pensando, ingenuamente, que tudo é uma questão de capacidade de gestão. É que no plano subjetivo, o povo é vítima dos currículos escolares básicos que positivam as categorias capitalistas trabalho, dinheiro, mercadoria, Estado, política etc, e que ensinam justamente o contrário daquilo que a verdade científica deveria ensinar. Os próprios professores são vitimas dessa ignorância e engessamento, e os próprios candidatos, sob pena de cassação do registro, são proibidos da defesa da ruptura com o modelo social sob o qual vivemos. Até os mais radicais à esquerda, que já perderam de há muito as suas referências ideológico-geográficas (à esquerda do que?), limitam-se a fazer proposições de combate ao capitalismo preservando as categorias capitalistas, numa flagrante contradição na presunção de propósitos.

Paradoxalmente, admite-se a obviedade da existência de uma crise mundial em curso que está causando uma guerra civil generalizada e a formação de organizações criminosas de colarinho sujo (do tipo comando vermelho); de colarinho branco (como o doleiro Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, executivo da Petrobras, mensaleiros); e de fundamentalistas religiosos (do tipo Al-Qaeda e Estado Islâmico), etc, pari passu a um discurso político de crença na retomada do desenvolvimento econômico sustentado em premissas inconsistentes e falaciosas, tanto pela direita como pela esquerda. O discurso da direita é pífio, e o discurso da esquerda é contraditório, vez que a sua pretensa defesa dos trabalhadores ignora que é o próprio trabalho, hoje tornado obsoleto em sua maior parte, substituído pelas máquinas, causa do desemprego estrutural, aquilo que deve ser superado como categoria capitalista que é (que não deve ser confundido com atividade contributiva social, que é outra coisa).

Diante de tal quadro de ignorância programada pela elite e referendada pela esquerda, tudo graças a um modelo educacional e político que proíbe questionamentos e estudos sobre a gênese da miséria coletiva que se aprofunda em meio a um admirável saber tecnológico adquirido pela humanidade, está o eleitor, obrigado por lei a escolher dentre aquilo que já lhe foi previamente escolhido.

*Artigo publicado no Jornal O Povo em 09/10/2014 > link

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