Cesare Battisti e a crise mundial

Está em curso uma nova configuração de disputa pelo poder no mundo com a agudização da crise do sistema capitalista, evidenciada na previsão de queda do PIB mundial em torno de -4,2% para 2009, segundo dados da OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico –, que envolve as 30 nações mais industrializadas do mundo. Se, por um lado, a existência do poder em si, representa um estágio de inferioridade do comportamento humano, pela sua passiva subordinação a uma hierarquia que lhe é opressora, por outro lado, a disputa pela hegemonia desse poder entre países, mal derivado, historicamente, tem tomado ares de selvageria que coloca o ser humano diante desse seu estágio inferior de consciência, e só reforça a tese da necessidade de superação consciente do próprio poder.

A primeira crise econômica mundial, de 1929/1930, foi o estopim da briga por uma nova hegemonia de poder na 2ª guerra mundial em 1939/1945, com dezenas de milhões de mortos. Nesse contexto de crise econômica, a Itália, um dos países do chamado primeiro mundo que se encontram profundamente abalados com o desemprego estrutural e a queda das atividades econômicas, vê ressurgir antigos e reprováveis conceitos fascistas, como argumento de recuperação do poderio econômico, e através do seu Primeiro Ministro Sílvio Berlusconi, conhecido magnata das comunicações, sempre envolvido em freqüentes escândalos financeiros e políticos, exige a extradição de Cesare Battisti, militante político que lutou como pôde por seus ideais libertários. A sua extradição corresponderia, nos dias atuais, à triste lembrança de Olga Benário, que entregue aos nazistas pelo governo brasileiro durante a 2ª guerra mundial, morreu em um campo de concentração. Oxalá que essa triste história nunca mais se repita.