Qualquer pessoa que compreenda a essência do mecanismo de reprodução do valor concluirá pela inconsistência intrínseca do sistema produtor de mercadorias, e poderá prever que mais cedo ou mais tarde teremos uma grande hecatombe no sistema financeiro capaz de abalar a base monetária internacional e a estrutura de produção e circulação de mercadorias no mais distante recanto do planeta terra, graças à economia mundial interligada.
A conseqüência natural disso é a migração dos capitais para o setor especulativo com data certa para insolvência. O escoadouro principal desses capitais é o capital fictício, dos empréstimos, agora com baixa liquidez, principalmente graças à impagável dívida pública. Os capitais migram para as mais variadas áreas especulativas, que tem nas bolsas de valores mobiliários o seu ponto de irrigação genérico. Graças a isso o setor imobiliário dos EEUU ganhou preços artificiais que lastrearam empréstimos financeiros para a construção civil, estimulando momentaneamente a economia. Quando essa artificialidade se tornou evidente com a desmedida construção de imóveis sem compradores, e com a inadimplência dos devedores, a bolha estourou e arrastou atrás de si graves dificuldades para bancos imobiliários, imobiliárias, construtoras e uma grande gama de indústrias produtoras para esse setor. Com isso, as bolsas caíram e a lógica mercantil roda ainda mais em falso, prenunciando o seu colapso. O socorro financeiro da emissão sem lastro de moeda, ou pelo confisco da poupança bancária, não ataca as causas do problema que mais cedo ou mais tarde voltará a se evidenciar de forma catastrófica. A lógica mercantil atinge o seu ponto de inflexão irreversível, e acaso não seja superada, constituir-se-á numa tragédia, já anunciada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário