Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A bolha imobiliária americana estourou...

Qualquer pessoa que compreenda a essência do mecanismo de reprodução do valor concluirá pela inconsistência intrínseca do sistema produtor de mercadorias, e poderá prever que mais cedo ou mais tarde teremos uma grande hecatombe no sistema financeiro capaz de abalar a base monetária internacional e a estrutura de produção e circulação de mercadorias no mais distante recanto do planeta terra, graças à economia mundial interligada.



A face mais visível da crise, iniciada 2007 no mercado imobiliário americano e que se alastrou pelo sistema financeiro, é apenas uma pequena amostra, ainda inicial, do que vai acontecer no futuro. Mundialmente, o dinheiro está em fase de incapacidade reprodutiva graças ao desemprego estrutural do trabalho abstrato que dessubstancializa o valor, bem como pelo limite de expansão do próprio mercado. Uma coisa está diretamente ligada à outra, vez que o capital encontra dificuldades cada vez maiores de sua reprodução vital na produção de mercadorias através do trabalho vivo, único setor capitalista capaz de criar mais valia produtora de valor novo e "válido", já que o setor terciário apenas transfere mais valia já extraída, e sua necessidade de expansão tende ao infinito, enquanto o mercado tem limite finito, seja pela capacidade de consumo, ou seja, ainda, pela exploração predatória dos recursos naturais.

A conseqüência natural disso é a migração dos capitais para o setor especulativo com data certa para insolvência. O escoadouro principal desses capitais é o capital fictício, dos empréstimos, agora com baixa liquidez, principalmente graças à impagável dívida pública. Os capitais migram para as mais variadas áreas especulativas, que tem nas bolsas de valores mobiliários o seu ponto de irrigação genérico. Graças a isso o setor imobiliário dos EEUU ganhou preços artificiais que lastrearam empréstimos financeiros para a construção civil, estimulando momentaneamente a economia. Quando essa artificialidade se tornou evidente com a desmedida construção de imóveis sem compradores, e com a inadimplência dos devedores, a bolha estourou e arrastou atrás de si graves dificuldades para bancos imobiliários, imobiliárias, construtoras e uma grande gama de indústrias produtoras para esse setor. Com isso, as bolsas caíram e a lógica mercantil roda ainda mais em falso, prenunciando o seu colapso. O socorro financeiro da emissão sem lastro de moeda, ou pelo confisco da poupança bancária, não ataca as causas do problema que mais cedo ou mais tarde voltará a se evidenciar de forma catastrófica. A lógica mercantil atinge o seu ponto de inflexão irreversível, e acaso não seja superada, constituir-se-á numa tragédia, já anunciada...


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