Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 1 de setembro de 2013

As Falsas Premissas

Diante dos muitos problemas sociais que se nos apresentam diariamente sem que possam ser solucionados satisfatoriamente, estabelecem-se discussões periféricas onde cada debatedor tem um pouco de razão e muito de inconsciência sobre o que está subjacente ao problema debatido. Assim, as discussões costumam ocorrer sob falsas premissas, com argumentos pontuais parcialmente corretos, e conjunturalmente incorretos, sem uma visão abrangente que possa levar a uma boa e definitiva conclusão.

 
 
Quando, por exemplo, questiona-se, com argumentos parcialmente válidos, a precária fluidez do trânsito das grandes cidades, atribuindo-se a culpa aos aspectos imediatos, que são verdadeiros (buracos, falta de sinalização, vias estreitas para um excessivo número de veículos, etc.), costuma-se deixar de lado a discussão sobre o que está na base do problema. Esquece-se que a mercadoria e commodity automóvel, razão de ser da indústria automobilística, consome petróleo, ferro, aço, borracha, vidro, e outros insumos, e que a sua própria produção, geradora de trabalho abstrato, é um dos mais importantes segmentos da produção de valor, dando sustentação a uma grande parte da vida mercantil (impostos e lucros). Assim, portanto, não se resolve o problema do trânsito sem que se supere o sistema produtor de mercadorias, do qual o primeiro é efeito e não causa. Não esqueçamos que as mercadorias existem para dar lucro, e apenas utilitariamente para satisfazer o consumo.

A cidade, agora, divide-se numa discussão sobre o uso das terras do “Parque do Cocó”, com alguns defendendo o seu uso para a construção de viaduto em face de um pretenso benefício advindo da relação custo/benefício para a fluidez do trânsito; outros a rejeitam afirmando que viadutos nunca resolveram problemas de trânsito, além de prejudicar a visão estética da cidade, e que se trata de mais uma agressão ecológica a um dos maiores parques urbanos do mundo.


Independentemente da posição que o leitor tome, a favor ou contra qualquer dos argumentos, há uma questão que transcende essa discussão. Trata-se da irracionalidade do trânsito urbano patrocinada pelo fato de que tanto o automóvel como as terras urbanas e áreas de preservação são tratadas como mercadorias que devem servir à realização dos lucros, irracional e destrutiva forma de relação social onde o que menos conta é a vida.

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