Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O Mito da Boa Gestão

O noticiário está repleto de denúncias sobre as péssimas condições dos serviços públicos em qualquer setor de incumbência governamental. Na área da saúde é comum a superlotação dos hospitais com macas nos corredores e gente morrendo ou fazendo partos de emergência na porta de entrada; na segurança pública o Estado perdeu a capacidade de julgar e prender, dado o elevado índice de criminalidade e a caríssima estrutura para o combate a esse fenômeno. E isso se acresce ao fato de que um preso é mais caro, hoje, do que um professor; na área da educação se observa um índice alarmante de desistências, que se soma a um baixo nível de aprendizado básico e técnico, com professores migrando para outras atividades graças aos baixos salários; e isso só para ficarmos na análise dos três principais serviços públicos, que são: saúde, segurança pública e educação. Se ampliarmos o leque para outros setores a situação é ainda pior.

 Será, então, que todos os governantes são incompetentes (corrupção aí incluída), ou há algo mais profundo que está na base dessa constatação? Mesmo que se considere que o cancro da corrupção está sempre presente, posto que, a democracia republicana impele a essa prática como fruto de um sistema de representação no qual há uma histórica interação de “levar vantagem” entre eleitores e eleitos, e um custo de propaganda que torna o sistema eleitoral proibitivamente caro, não se pode atribuir apenas à corrupção conjugada com a incompetência a causa das mazelas de que somos vítimas.        
 
Na verdade estamos diante de um modelo social, que se nunca foi bom, agora se revela insuportável. Qualquer um que se debruce sobre as contas públicas verá que mesmo se considerando que mais de 1/3 do PIB – Produto Interno Bruto é destinado para a arrecadação de impostos, estes são insuficientes para o atendimento das demandas sociais e juros da impagável dívida pública. Não podemos fugir da análise e compreensão do fenômeno representado pela inviabilidade da reprodução, no nível necessário, da substância valor-dinheiro, que é instrumento de mediação social e combustível da vida social mercantil. Vivemos o ciclo do colapso da forma-valor e do seu sistema produtor de mercadorias. É preciso, portanto, ter consciência que a questão não é de gerenciamento, mas de exaustão de um modelo social a ser superado.

Um comentário:

Diogo F disse...

Primo: estou de acordo que as contas públicas de todos os países são bombas relógio e que também as moedas são ícones de corrosão do valor produzido pelo trabalho de cada um de nós.

O modelo está superado há muito tempo, mas também esse diagnóstico já é bastante antigo para muitos e nem por isso alguém aponta um caminho alternativo que possa ser compreendido e aceito pelos eleitorados dos países. A bomba relógio parece ser sempre desarmada e reiniciada com um novo prazo. Quando acontecerá algo novo?

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