Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Arte e mercadoria



Uma das características negativas da vida mercantil é o que podemos denominar como "efeito liquidificador", onde substâncias de diferenciadas quantidades e qualidades se constituem como uma massa uniforme genérica, a mercadoria, riqueza abstrata. Assim, todos os conteúdos mercantis servem antes à seiva da vida mercantil que é a reprodução aumentada do valor como modo de sua continuidade vital do que à satisfação das necessidades humanas.

A fabricação de um remédio contra o câncer serve ao mesmo objetivo teleológico que a fabricação de uma mortífera arma de guerra, ou seja, o lucro. É o que Karl Marx chamou em "O capital" de fetichismo da mercadoria, fenômeno onde, igualmente aos selvagens que se submetiam aos "poderes divinais" de um totem por eles mesmos erigido, o ser humano mercantilizado se submete a uma lógica que o domina e o escraviza, sem que tenha exata consciência dessa submissão.

Assim, todos os conteúdos materiais (mercadoria objeto) ou imateriais (mercadoria intelectual) servem como modo de materialização do valor e, assim, se tornam idênticos no seu desiderato último. Desse modo não é o conteúdo que conduz a vida mercantil, mas a vida mercantil que dita o conteúdo no seu interesse reprodutivo. De há muito, a arte teve transformado o seu conteúdo lúdico em mercadoria e, assim, foi contaminada pela lógica de mercado, onde a qualidade não se impõe como objetivo, mas se submete a uma aceitação pública consumista influenciada por uma expressão midiática que também obedece à lógica mercantil. A arte se tornou uma matéria amorfa, que outra coisa não é senão uma mercadoria, quantidade de "riqueza" abstrata a ser vendida. Hodiernamente, não é o público que deve estar à altura da arte, mas a arte que está à mercê de uma aceitação popular negativamente induzida (Anselm Jappe).

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