Uma das características negativas da vida mercantil é o que podemos denominar como "efeito liquidificador", onde substâncias de diferenciadas quantidades e qualidades se constituem como uma massa uniforme genérica, a mercadoria, riqueza abstrata. Assim, todos os conteúdos mercantis servem antes à seiva da vida mercantil que é a reprodução aumentada do valor como modo de sua continuidade vital do que à satisfação das necessidades humanas.
Assim, todos os conteúdos materiais (mercadoria objeto) ou imateriais (mercadoria intelectual) servem como modo de materialização do valor e, assim, se tornam idênticos no seu desiderato último. Desse modo não é o conteúdo que conduz a vida mercantil, mas a vida mercantil que dita o conteúdo no seu interesse reprodutivo. De há muito, a arte teve transformado o seu conteúdo lúdico em mercadoria e, assim, foi contaminada pela lógica de mercado, onde a qualidade não se impõe como objetivo, mas se submete a uma aceitação pública consumista influenciada por uma expressão midiática que também obedece à lógica mercantil. A arte se tornou uma matéria amorfa, que outra coisa não é senão uma mercadoria, quantidade de "riqueza" abstrata a ser vendida. Hodiernamente, não é o público que deve estar à altura da arte, mas a arte que está à mercê de uma aceitação popular negativamente induzida (Anselm Jappe).
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