Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 25 de maio de 2014

A Ditadura do Tempo

Tempo é dinheiro. Essa frase mundialmente conhecida corresponde a uma verdade, mas somente sob a relação social mediada pelo dinheiro, que tem na questão do uso do tempo linear, aquele medido em segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos, uma interferência negativa, direta e significativa no modo de ser da própria vida dos indivíduos sociais. Essa é mais uma negatividade do capitalismo ao invés de ser um aspecto positivo como se costuma pensar.

 

Tudo sob a lógica capitalista gira em torno da viabilidade econômica como forma de sobrevivência na concorrência de mercado que depende cada vez mais de um nível de produtividade     que se traduz em uma quantidade de mercadorias produzidas por um mesmo indivíduo num determinado lapso de tempo. Isso significa que cada indivíduo social produtor de mercadorias (tangíveis ou intangíveis) é induzido a produzir cada vez mais em menor tempo (extração de mais valia relativa), e em muitos casos a uma carga horária de produção cada vez mais extensa (extração de mais valia absoluta). Para aqueles que estão inseridos no sistema produtor de mercadorias o tempo é cada vez mais escasso para a vida e se vêem obrigados a enfrentar uma competitiva jornada diária de trabalho; estudar para a sua qualificação profissional; pagar as contas; tolerar o trânsito engarrafado (a maioria em ônibus e trens lotados); fazer exercícios físicos; levar os filhos para a escola; etc. A vida dá lugar ao trabalho e os trabalhadores dos grandes centros urbanos (principalmente as mulheres trabalhadoras) sofrem com a relação tempo/trabalho abstrato/vida.

Paradoxalmente, quem não consegue alcançar alto nível de produtividade fica fora do mercado e é condenado ao ostracismo. A contradição entre o uso do tempo na produção de mercadorias e serviços e a própria vida social se expressa no fato de que há um contingente populacional assoberbado de tarefas enquanto há outro contingente (cada vez maior), que vive marginalizado dessa produção num ócio improdutivo que leva à marginalidade como vítimas da segregação social do próprio sistema produtor de mercadorias.

Tempo é dinheiro, e como o dinheiro é hoje um meio anacrônico de obtenção da vida, é a própria vida que entra em colapso. A ditadura do tempo/dinheiro, expressão da relação social forma-valor, no atual estágio de sua implosão interna, é a negação da própria vida.  

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