Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 25 de maio de 2014

O Trabalho e o Trabalhador

Costuma-se considerar, equivocadamente, que o trabalho e o trabalhador são dados essenciais para a vida social e individual humanas. Tal concepção deriva do fato de que ao longo dos últimos cinco séculos, tanto capitalistas liberais de mercado como capitalistas de estado, os marxistas tradicionais, esses mais recentemente, endeusaram o trabalho e o trabalhador como tais. Assim é que se estabeleceu uma intencional confusão semântica e de conteúdo sobre o que seja a interação metabólica do homem com a natureza (Marx), ou seja, o dispêndio de nervos, músculos e cérebros no sentido da provisão do seu sustento individual e coletivo através da produção de bens e serviços indispensáveis à vida, com categorias capitalistas que dão sustentação ao modo de relação social que se consubstancia na produção de mercadorias (a forma-valor). 

Antes do capitalismo desenvolvido (relações pré-capitalistas), a produção de bens necessários à satisfação das necessidades era substancialmente escrava (escravismo direito), e a partir da evolução do capitalismo tal produção passou a se dar através da venda da mercadoria força de trabalho (escravismo indireto pelo trabalho abstrato) que propicia a acumulação segregacionista da riqueza abstrata sob a forma de mercadoria tangível (com valor de uso) ou intangível (a moeda representativa do valor).

Dessa forma, uma categoria capitalista por excelência, o trabalho, negatividade social intrínseca, passou a ser o seu oposto, ou seja, passou a ser considerada por todos, capitalistas e trabalhadores, políticos de direita e de esquerda, como o fundamento da vida, e o subtraído trabalhador o ente social a ser hipocritamente endeusado e reverenciado. Agora, com o advento da tecnologia aplicada à produção, o ridículo desse conceito começa a ser desmistificado na medida em que o nível de produtividade exigido pelo mercado torna supérfluo, em maior parte, o trabalho e o trabalhador, colocando em xeque a próprio fundamento do sistema produtor de mercadorias – a forma-valor.  

É interessante se observar como conceitos equivocados, mas tidos historicamente como virtuosos, terminam por evidenciar a sua própria insubsistência.  A produção de bens e serviços indispensáveis à vida não tem nada a ver com o trabalho abstrato e com o trabalhador, categorias capitalistas que estão em franco processo de obsolescência social.

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