O Mal é Sempre Mau

Há um adágio popular que diz “há males que vêm para o bem”. Apenas episodicamente isso pode ocorrer, mas nunca de maneira socialmente abrangente e permanente. Um enguiço na estrada pode evitar um desastre que ocorreria acaso a viagem não tivesse sido paralisada, mas isso não significa que um enguiço seja coisa boa. Tal conceito contrasta com a idéia de que “o pau que nasce torto morre torto”, porque esta última é uma metáfora que diz respeito à imutabilidade da natureza intrínseca do que é negativo. Podemos superar a negatividade, transcendê-la, mas não podemos aceitá-la como algo que possa ser uma contribuição positiva.

Há quem aceite o equivocado conceito de que a forma-valor que criou o capitalismo, apesar de ser um mal em si, teve e tem um caráter civilizatório para a humanidade; há quem admita que a ambição humana em acumular riqueza abstrata de modo excludente e viabilizada pela extração de mais-valia tenha impulsionado o saber e o crescimento da humanidade. Como exemplo desse equívoco, podemos citar a II guerra mundial que impulsionou algumas descobertas científicas como o radar, o computador, a energia nuclear, etc., em face do enfrentamento militar, sem que isso signifique que a guerra seja algo positivo; tais descobertas poderiam ter ocorrido sem a morte de dezenas de milhões de seres humanos. As guerras, hoje, tão presentes, continuam sendo um monstruoso absurdo tal como sempre foi o capitalismo, mormente agora em sua fase de descenso, posto que, é um mal em si consistente numa relação social negativa que não questiona a sua base ontológica e suas entranhas, seja por mesquinho interesse ou porque a educação básica e superior insiste em manter essa negatividade como um mistério social incompreensível. O mal é mau, e sempre acarreta males maiores.

A negatividade social original capitalista, fruto da relação social sob o fetiche da mercadoria, um mal em si, é desconhecida e ignorada na sua natureza original constitutiva e promove outras negatividades tais como a guerra, a injustiça social, a relação competitiva fratricida entre seres humanos, a barbárie social urbana, o tráfico de drogas, a produção de armas letais, o aumento da criminalidade, os linchamentos, etc.. Não há como se extrair aspectos positivos de uma essência negativa, porque o mal será sempre mau, e o seu resultado será sempre destrutivo.