Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Se Não Tivesse Sido Assim...

Como seria a terra chamada Brasil se quando a “moderna civilização européia” que aqui chegou há 514 anos, ao invés de ter um sentimento de exploração excludente das riquezas aqui existentes, tivesse um sentimento de convivência harmoniosa com os indígenas que aqui habitavam lhes ensinando os seus saberes e com eles compartilhando os saberes deles?

Como seria se tal civilização não tivesse imposto aos indígenas uma forma de relação social baseada numa coisa a eles estranha denominada dinheiro, e que servia para comprar os objetos que eles obtinham naturalmente numa relação metabólica direta com a natureza sem a necessidade dessa estranha intermediação?

Como seria se tal civilização ao invés de se considerar proprietária das terras por ela recém-descobertas as tivesse considerado como um bem coletivo cuja posse serviria à satisfação de todas as necessidades materiais coletivas de consumo em igualdade de condições, agora ampliadas pelas novas técnicas de produção e pelo incremento de culturas vegetais (frutas e cereais) e criação de animais (galinha, porco, gado, etc.) desconhecidas dos indígenas ao invés de matá-los por não se submeterem ao regime de escravidão, ou trazer escravos da África?   

Como seria se tal civilização ao invés de trocar espelho por ouro e prata e ensinar os indígenas a se ajoelhar num ritual de cunho religioso tivesse com eles cantado e dançado numa comunhão de sentimentos fraternos demonstrando uma construção de vida solidária?

Como seria se tal civilização, ao invés de impor um determinado ciclo de trabalho escravo contado em horas, tivesse respeitado o compasso de tempo entre dia e noite no qual os indígenas viviam; e se ao invés de copular com as “belíssimas índias com suas vergonhas desnudas”, como no dizer de Pero Vaz de Caminha, escrivão da armada em relato ao Rei de Portugal, segregando-as socialmente, considerasse tal relação como parte natural de uma procriação humana solidária sem discriminação cultural e racial? 

Se assim não tivesse sido os incivilizados civilizadores não seriam orientados por uma emergente civilização capitalista cujo objeto teleológico fundamental era (e ainda é) a acumulação excludente e segregacionista da riqueza abstrata; se não tivesse sido assim a vida seria harmoniosa e o ser humano, num estágio evoluído, conciliaria o saber acumulado com justiça social.

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