Considerações sobre o conceito do blog

O objeto primeiro deste blogue é conceituar a natureza da crise econômica, política e social em curso, através da análise do conteúdo intrínseco da negatividade da forma valor, relação social abstrata que se estabelece e se reproduz através da mercadoria e do dinheiro (mercadoria especial e equivalente geral), suas expressões materializadas, bem como a necessidade inadiável de sua superação como instrumento de emancipação humana e contenção dos crimes ecológicos contra a humanidade e o planeta Terra.

Recomendamos a leitura do artigo "Nascimento, vida e morte da forma valor" como forma
de entendimento do conceito do blogue.

domingo, 25 de maio de 2014

A “Síndrome de Tucunaré”

O tucunaré é um peixe de água doce que tem um apetite voraz. Quando introduzido em açude cresce com rapidez em relação às outras espécies, mas devora as demais até que na falta destas chega a devorar os alevinos de sua própria espécie. Assim, necessita de cada vez mais alimentos para continuar crescendo, e na falta destes entra em colapso existencial.


Conheci na minha cidade do interior o Raimundo “farmacêutico”, assim chamado porque era dono de farmácia da qual tirou o seu sustento e de toda a família durante décadas. Lá se comprava fiado sem maiores problemas de modo que nenhum morador mais conhecido deixou de se medicar com urgência por falta de dinheiro no momento da necessidade. Recentemente tomei conhecimento de que a tal farmácia já não existia e em seu lugar existia a filial de um grande conglomerado de farmácias espalhado pelo Brasil inteiro. Mas a coisa não ficou por aí, perguntei pelo dono da loja de calçados “A Majestosa”, e me disseram que há muito a loja tinha fechado e me informaram que as únicas lojas de calçados pertenciam a uma cadeia nacional de lojas num shopping recém-inaugurado. Meio saudoso resolvi tomar uma cerveja gelada e o garçom me perguntou se eu preferia da Brahma ou Antártica, não sem antes me explicar que todas eram do mesmo fabricante, posto que, as duas indústrias haviam se fundido em uma só.
  
Foi aí que eu me lembrei da história do tucunaré e percebi a semelhança que o capitalismo tem com a vida desse peixe que somente cresce ao custo da morte dos outros, até se autodestruir na sua autofagia existencial. Hoje, somente as lojas de serviços (lanchonetes, padarias, cabeleireiros, chaveiros, gráficas rápidas, etc.) escapam aos grandes monopólios, e desse modo se restringe a existência de pequenos negócios autônomos. Assim, ao mesmo tempo em que decresce a existência de pequenos comerciantes, fazendeiros e industriais em razão da concentração de capitais gerada pela concorrência de mercado, decresce também a massa global lucros. A tecnologia aplicada à produção provoca o desemprego estrutural, e o nível de emprego somente cresce nos países chamados de emergentes, como China, Índia, Brasil, etc., que pagam baixos salários. Tudo somado provoca a redução da massa global de valor e de salários, razão de ser da crise financeira do Estado e dos bancos.
 
O capitalismo sofre da “síndrome de tucunaré”.

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